SINOPSE
Moçambique está em crise. Não há empregos para os jovens, que não conseguem ver um futuro. A pobreza e a desigualdade aumentam. Cabo Delgado sofre com a maldição dos recursos naturais e a guerra civil. O partido no poder sabe que não pode ganhar eleições justas.
Neste livro, Joseph Hanlon documenta como esta crise foi criada pelas imposições escandalosas e quase inacreditáveis do FMl e dos doadores. Eles promoveram o surgimento de oligarcas que usaram o estatus político para ganhar poder económico, e que serviriam interesses estrangeiros. A corrupção foi realmente promovida, como por exemplo, na privatização dos bancos. Alguns moçambicanos resistiram. Depois de o Banco Austral ter sido saqueado, um banqueiro honesto, Siba Siba Macuacua, foi nomeado presidente. Pouco tempo depois foi atirado do topo do edifício de 15 andares do seu banco. Os assassinos e saqueadores são conhecidos, mas ninguém foi processado.
As elites receberam tacitamente o direito de manipular contratos com o Estado e de comercializar heroína e madeiras preciosas. O silêncio cúmplice do FMI e dos doadores perante os vários escândalos descritos neste livro foi visto como prova de que o que antes era chamado de «corrupto» se tinha tornado parte integrante do novo «mercado livre». Em troca, os novos oligarcas garantiram que as empresas e os paises estrangeiros beneficiassem do gás, do carvão, dos rubis e da hidroelectricidade. Os oligarcas tornaram-se os administradores locais de uma nova forma de colonialismo.
A austeridade imposta pelo FMI não só esmagou os mais pobres, como também empurrou a maioria dos funcionários públicos para abaixo da linha da pobreza.
Isto significou que professores e enfermeiros tinham de pedir dinheiro extra para poderem alimentar os seus filhos. Isto empurrou os serviços «públicos» para o «mercado livre», levando a uma corrupção generalizada, mesmo na educação, na polícia, nos tribunais e no exército.
Este livro mostra como, 50 anos após a independência. Moçambique foi recolonizado.