SOBRE O AUTOR

Luís Manuel de Araújo é doutorado em Letras (História e Cultura Pré-Clássica) pela Universidade de Lisboa, onde fez a agregação em 2008, sendo licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com estágio de pós-graduação em Egiptologia na Faculdade de Arqueologia da Universidade do Cairo (1984-1985). Foi professor de Português e História no ensino básico e ensino secundário, sendo agora professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, no Departamento de História (Instituto Oriental), lecionando cadeiras da área de História e Cultura Pré-Clássica, com orientação de teses de mestrado e doutoramento na área de História Antiga (Egiptologia).

  • MITOS E LENDAS DO ANTIGO EGITO

    SINOPSE

    O mito é uma narrativa acerca de deuses e de heróis, mas também é uma narrativa acerca da origem do mundo e sua subsequente ordenação. Neste sentido inscreve-se em pleno no «era uma vez»… Dele ressalta uma clara atemporalidade, sem antes nem depois, dado que o mito se situa para além de todo o tempo, onde a causalidade é preterida, desenvolvendo-se em tempo primordial e fora do tempo histórico.

    Quer ponha ou não em acção uma hierogamia, o mito cosmogónico, para além da sua importante função de modelo e de justificação de todas as acções humanas, forma também o arquétipo de um conjunto de ritos e sistemas rituais – é que os mitos justificam as liturgias rituais que asseguram a instalação da comunidade na paisagem dos deuses e dos homens e também o bom curso do universo. E sendo a antiga religião egípcia essencialmente uma religião cultural, há quem defenda a prioridade do rito sobre o mito, o que justificaria uma grande preponderância das práticas rituais litúrgicas do Egito faraónico, desta forma se conformando, de uma forma harmoniosa e complementar, o mito e o ritual. Tal como noutras culturas pré-clássicas, também do antigo Egito nos chegaram narrativas ou epopeias mitológicas, não propriamente os mitos, os quais existiram numa fase oral para serem como que teatralizados no rito – e aqui o mito era vivencialmente narrado pelos oficiantes de serviço.

    Numa definição globalizante, o mito pode considerar-se como uma narrativa (com ação e personagens memoráveis), cujo autor não é identificável, e que tem como tema o fundo lendário, étnico e imaginário.
    O esquema mitológico fundamental do Egito antigo é de fácil apreensão, organizando-se em estágios que se vão desenvolvendo até ao pretendido final: o incontestado e firme estabelecimento de Hórus como rei do mundo, após a sua vitória sobre o mal (o ínvio e tumultuoso Set). A assunção do poder por Hórus, filho de Ísis e de Osíris, quedar-se-ia bem patenteada na milenar instituição do faraonato, que ao longo de muitos séculos se hirtou em fundamentos hóricos e osíricos – quanto ao prostrado e ressuscitado Osíris, este passa a reinar no outro mundo,deixando a realeza terrestre para o rei do Alto e do Baixo Egito, um Hórus vivo, e assim foi durante os três mil anos da civilização egípcia.

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