SOBRE O AUTOR

João Paulo Borges Coelho é escritor e historiador moçambicano. Ensina História Contemporânea de Moçambique e África Austral na Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo. Tem-se dedicado à investigação das guerras colonial e civil em Moçambique, assim como às questões de segurança regional no Sul de África e à política da memória.
Recebeu em 2004, com o romance As Visitas do Dr. Valdez, o Prémio José Craveirinha da Literatura, a maior distinção literária em Moçambique. Com O Olho de Hertzog recebeu o Prémio Leya 2009. A sua obra literária inclui ainda outros três romances ( As Duas Sombras do Rio, 2003; Crónica da Rua 513.2, 2006; e Campo de Trânsito, 2007), dois volumes de estórias da série Índicos Indícios (Setentrião e Meridião, ambos de 2005; e uma novela (Hinyambaan, 2008).

  • ÁGUA Uma novela rural

    SINOPSE

    Ryo e Laama prosseguem o estudo da água na concha de madeira. o secretario enviou umas quantas mulheres a buscar outras tantas latas daquela agua, o milicianos desentenderam-se entre si, mas isso agora pouco importa, pouco interessa aos velhos.

    Falam antes do Engenheiro, tentam perceber a obsessão que tem por Maara, escondida atrás do gesto de lhe oferecer a água.

    820,00 MT
  • AS DUAS SOMBRAS DO RIO

    SINOPSE

    Esta é uma história feita de histórias entretecidas. Histórias de guerra e de sobrevivência, de pequenos sinais de humanidade rompendo da violência como as plantas rompem das pedras.
    É também uma história de divisões: divisões entre a memória e o presente, entre os deuses e os homens, entre os homens eles próprios. Divisões que crescem no espaço da grande divisão que o majestoso rio Zambeze cavou, separando o mundo da cobra feminina, milenar e sábia, e o mundo do leão masculino, jovem e fogoso — erigindo uma fronteira entre o Norte e o Sul.
    Por isso sofre tanto, dividido, sem se encontrar, o pobre Leónidas Ntsato, que tem apelido de cobra mas a quem o pai deu nome de leão. E por isso se afadigam tanto os curandeiros, pedindo aos deuses que o deixem voltar a ser um só.
    Esta história feita de histórias mostra que talvez os homens encontrem na ilha de Cacessemo, a meio do rio, uma ponte de união entre o mundo da água e o mundo do fogo.

    700,00 MT
  • CAMPO DE TRÂNSITO

    SINOPSE

    J. Mungau é detido e levado para o Campo de Trânsito, onde fica a aguardar transferência para um lugar definitivo. Será que a escolha desse lugar depende de algo que Mungau possa fazer? Ou, pelo contrário, o seu destino está marcado de antemão? Afastado do futuro por incontornáveis circunstâncias, também no passado Mungau tem dificuldade em achar o seu lugar. Enquanto aguarda, esforça-se por descobrir as relações que os que o cercam estabelecem entre si – o Professor e a sua esquiva mulher, o Chefe da Aldeia, a Desengonçada Garça, o enigmático Vendedor de Chá e o cortejo de feirantes e artistas que ali chega uma vez por mês anunciando os seus produtos e atirando ao ar as suas bolas coloridas – uma complexa teia gerida com mestria por um incansável Director. Ao mesmo tempo, Mungau aprende que nada é mais relativo que os conceitos de justiça e liberdade.
    Entretanto, o tempo escasseia e os acontecimentos precipitam-se. Os ventos da floresta trazem dados novos e não é certo que o pequeno Campo de Trânsito consiga inseri-los no ramerrão do seu funcionamento diário.

    490,00 MT
  • CIDADE DOS ESPELHOS

    SINOPSE

    Nestes tempos, em que estão em escombros as pequenas pontes do diálogo, esvoaça o colibri demandando novos poleiros.
    Quando retomar a Avenida Louise, passando o rotineiro abalo, saltitará sobre o lixo do lixo que ainda assim ficou para nos dar provas de que nada chega ao fim; vai fazê-lo até chegar à ponte, até a atravessar, até cumprimentar um tenente a quem o escuro buraco de uma certa cana de bambu continua a intrigar, e penetrar enfim, com uma sempre renovada timidez, nas arborizadas alamedas plásticas que enchem de frescura fabricada a Zona Alta.

    450,00 MT
  • CRÓNICAS DA RUA 513.2.2-EDIÇÃO

    SINOPSE 

    Umas vezes deserto inóspito, outras um mar revolto, a Rua 513.2 oscila de um extremo ao outro sem encontrar serenidade. Todavia, se fosse tirada uma média a esses dois estados ela não passaria de uma rua normalíssima Na Rua 513.2, o Inspector Monteiro, o Doutor Pestana e dona Aurora, o mecânico Marques, a velha prostituta Arminda de Sousa e alguns outros, emergem do passado para interferir nos dias dos vivos. Por outro lado, sob o olhar atento de Filimone Tembe, o Secretário do Partido, esses mesmos vivos fazem o que podem para que as suas vidas avancem. Vendem enquanto há o que vender, como o louco Valgy ou a incansável Judite; apelam ao conselhos de retratos pendurados na parede, como o empresário Pedrosa, pescam peixes forjados, como Teles Nhantumbo; lêem cadernos que escondem histórias de outros tempos enquanto reparam automóveis quase inexistentes, como Zeca Ferraz; combatem no mato, como o Comandante Santiago; ou distribuem pelos vizinhos aquilo que lhes chega às mãos, como Josefate Mbeve, que no fundo segue à risca as directivas do Presidente Samora Machel e tenta fazer do socialismo uma realidade.
    Até que um dia chegam novos fantasmas para ocupar o lugar dos antigos, e as coisas começam a mudar.

    600,00 MT
  • MUSEU DA REVOLUÇÃO

    SINOPSE

    Conheci Jei-Jei numa manhã cinzenta que dediquei a visitar o Museu da Revolução. Preparava-me para observar os expositores do primeiro andar, onde se dá conta da resistência ao colonialismo, quando senti crescerem os rumores de uma manifestação de protesto no Jardim 28 de Maio, do outro lado da rua.

    Notara-a já à chegada, uma pequena concentração de Magermanes, os trabalhadores emigrantes que haviam prestado serviço na velha Alemanha socialista e agora, há muito regressados, continuavam a reivindicar uma parte dos seus salários que diziam estar retida pelo Governo. Agitavam cartazes e bandeiras, e por um momento parecia que os dias festivos do nosso próprio socialismo estavam de regresso.

    A certa altura ouvi dois estampidos e desci para a entrada do Museu a fim de espreitar o que acontecia lá fora.

    1.420,00 MT
  • O OLHO DE HERTZOG

    SINOPSE

    O que procura Hans Mahrenholz, um oficial alemão que se faz passar por empresário e jornalista inglês, nas ruas da Lourenço Marques de 1919, ainda no rescaldo da Grande Guerra? E por que não assume a sua verdadeira identidade? E por que procura desesperadamente um mulato com nome grego e uma longa cicatriz? E como o pode ajudar um dos mais famosos jornalistas dessa cidade, um mestiço assimilado e carismático? Hans Mahrenholz (ou Henry Miller) chega ao norte de Moçambique num zepelim e é largado de pára-quedas, sozinho, em plena selva, com a missão de se juntar ao contingente do general Lettow. Consegue-o. Mas todo o resto da campanha militar é assombrada pela estação das chuvas, a floresta virgem, a malária e os confrontos com os exércitos inglês e português. Quando chega a Lourenço Marques, Hans já não é o herói ingénuo e corajoso que se juntou a Lettow. É uma personagem misteriosa com uma missão misteriosa…

    790,00 MT
  • PONTA GEA

    SINOPSE

    É a primeira e mais persistente lembrança: a água como substância da cidade. Uma água quieta, no mangal como nos capinzais, nos tandos de arroz e nos baldios urbanos cuja noite o monótono som dos grilos trespassava; insidiosa também, na onda paciente que

    890,00 MT
  • RAINHA DA NOITE

    SINOPSE

    Foi essa a primeira sensação que tive: a sensação de que chegava ao inferno. Ainda o comboio dava a volta colina, para entrar na estação, e já eu suspirava:
    «Meu Deus, estou no inferno!»
    Nesse tempo, o comboio era ainda coisa rara.
    A pequena comunidade branca esperava-o debaixo do avançado de zinco, junto à torre da água, para se proteger da ferocidade do sol.
    Quieta, mergulhada na sombra espessa mas tomada de uma grande excitação. Quanto aos negros, eram vultos imóveis espalhados ao acaso perto dos últimos metros de linha, como se a chegada do comboio tivesse o condão de neles provocar uma surpresa vaga.

    E era como se só com a composição parada a paisagem pudesse retomar o movimento. Pompia-se então aquele instante extraordinário e todos voltavam ao que os ocupava antes: os brancos corriam a espreitar pelas janelas e os outros retomavam a caminhada interrompida, refeitos do encantamento. ‘Meu Deus, estou no inferno!’

    790,00 MT
  • ROTEIROS PROVINCIAIS

    SINOPSE

    Quatro novelas. A primeira busca as linhas de continuidade que, ao longo da fronteira, cosem dois países e três épocas distintas. A segunda mostra como nas guerras tudo vale, e que por detrás das acções dos dois lados escondem-se sempre mil e um enredos e complexidades. A terceira novela mede a enorme distância que nos separa do mundo rural, as incompreensões que ela gera, e pergunta-se se o correr do tempo a faz crescer. A última novela trata também de uma distância, mas uma distância vertical, aquela que vai do nosso chão até às estrelas e ao vazio.

    No fundo, são considerações sobre o tempo, sobre a relação entre o acontecido, o lembrado e o ficcionado, e sobre as raízes e o propósito das histórias. Une estas novelas, talvez, aquilo que o compositor Igor Stravinsky disse a Robert Craft e que lhes serve de epígrafe: Pergunto-me se a memória é verdadeira, e sei que pode não ser. Todavia, sei que vivemos da memória e não da verdade.

    1.380,00 MT