SOBRE O AUTOR

Novembro de 1929 – Fevereiro de 2020
Guilherme Afonso nasceu a 10 de Novembro de 1929, no Concelho de Santarém, em Portugal. Chegou a Moçambique em Outubro de 1959, a fim de ingressar no corpo de Polícia, onde desempenhou as funções de guarda, escriturário e arquivista no Comando-Geral durante a administração colonial e o Governo de Transição. Depois da independência nacional, no Instituto Nacional de Cinema, desempenhou as funções de Chefe do Sector de Documentação e Informação Cinematográfica, até 1988. Guilherme Afonso foi ainda apresentador do programa “Vamos falar de cinema”, na televisão pública.
Igualmente autor de Memória inconsumível (2007), livro de poesia publicado pela Imprensa Universitária, Guilherme Afonso foi o único distinguido com Menção Honrosa no primeiro prémio literário de Moçambique independente, promovido pela revista Tempo, em 1980/ 81, evento que estimulou acesos debates sobre o que é literatura moçambicana e quem são os autores moçambicanos. Guilherme Afonso foi um dos grandes rostos desse debate, logo a seguir a divulgação da decisão do júri em não premiar nenhum autor. Ao concurso da Tempo foram submetidos 93 trabalhos, os quais, cada, não deviam ultrapassar 100 linhas. Guilherme Afonso ultrapassou. Ao invés de uma centena, o conto “Abatido ao efectivo” do escritor, Menção Honrosa, mais tarde incluindo no livro Circuito (colecção Karingana da AEMO) teve 103 linhas. E daí surgiu o pseudónimo para o prémio literário: 103 linhas apesar de tudo.
Guilherme Afonso colaborou imenso com a imprensa, tendo publicado muitos textos, alguns com o pseudónimo Amadeu Soquiço, no A Tribuna, Notícias da Beira, Notícias e Domingo.
O último livro publicado por Guilherme Afonso foi Pão amargo (2010), livro de teatro com a chancela da Alcance Editores. No entanto, é com um excerto do poema do autor, “Perseverança”, de Memória inconsumível, que termina este texto: “Venda-se quem se vender/ Traia quem trair/ Subverta-se o que se subverter// Porque tão tranquilamente/ como tenho vivido/ quero morrer// Que não será morrer/ mas ir-me embora/ so(bria)mente”.