SOBRE O AUTOR

Eva Mozes e Miriam Mozes nasceram em 1934 na Roménia. Em 1944, a sua família foi levada para o campo de concentração de Auschwitz. Por serem irmãs gémeas, foram selecionadas para as experiências feitas com seres-humanos realizadas sob a direção do médico nazi Josef Mengele. Ao contrário da maioria das crianças que foram submetidas a essas experiências, elas sobreviveram.
Os rins de Miriam nunca se desenvolveram completamente e acabou por falecer em 1993 de uma rara forma de cancro. Eva tomou a decisão corajosa de perdoar publicamente os nazis pela sua infância traumática e despertou a atenção do mundo originando mais tarde o documentário Forgiving Dr. Mengele, assim como várias aparições mediáticas, entre elas no popular programa de informação da CBS News, 60 minutos.
Eva dedicou a sua vida a dar testemunhos sobre os horrores do Holocausto, transmitindo uma mensagem de esperança nos direitos humanos.

  • AS GÉMEAS DE AUSCHWITZ Uma história real inesquecível

    SINOPSE

    «Se eu tivesse morrido, Mengele teria dado uma injeção letal à minha irmã para fazer uma autópsia dupla. Só me lembro de repetir para mim mesma: tenho de sobreviver, tenho de sobreviver.»
    Eva Mozes Kor

    As portas do vagão abriram-se pela primeira vez em muitos dias e a luz do dia brilhou sobre nós.
    Agarrei bem a mão da minha irmã gémea quando nos empurraram para a plataforma.

    – Auschwitz? É Auschwitz? Que sítio é este?
    – Estamos na Alemanha – foi a resposta.

    Na verdade, estávamos na Polónia, mas os Alemães tinham invadido a Polónia. Era na Polónia alemã que se situavam todos os campos de extermínio.
    Os cães rosnavam e ladravam. As pessoas do vagão começaram a chorar, a berrar, a gritar todas ao mesmo tempo; todos procuravam os seus familiares à medida que eram afastados uns dos outros. Separavam homens de mulheres, filhos de pais.

    Um guarda que ia a passar a correr parou bruscamente à nossa frente. Olhou para Miriam e para mim nas nossas roupas a condizer: «Gémeas! Gémeas!», exclamou. Sem dizer uma palavra, agarrou em nós e separou-nos da nossa mãe. Miriam e eu gritámos e chorámos, suplicámos, as nossas vozes perdidas entre o caos, o barulho e o desespero, tentando chegar à nossa mãe, que, por sua vez, tentava seguir-nos, de braços estendidos, com outro guarda a retê-la.

    Miriam e eu tínhamos sido escolhidas. De repente, estávamos sozinhas. Tínhamos apenas dez anos. E nunca mais voltámos a ver nem o nosso pai nem a nossa mãe.

    2.800,00 MT